“Anti-UX”: estratégias que separam insiders dos mortais na web
Em sua primeira coluna no blog da PYXYS, o UX Writer Rodrigo Goldacker reflete como o acesso a inovações do hype tecnológico privilegia um público de iniciados
A experiência do usuário (UX) é sempre construída para facilitar a navegação e o acesso a conteúdos na web? E quando um site opta por ser complicado só para restringir seu acesso a uns poucos “merecedores” de estar ali?
Venho chamando essas práticas de estratégias “Anti-UX”, no sentido em que certas interfaces, culturas e pessoas podem ser propositalmente antagônicas à acessibilidade, como mecanismo para nichar certas conversas.
Quer um exemplo? Considere uma música (que existe mesmo) chamada ࿃ूੂ࿃ूੂੂ࿃ूੂOOOOOOOOOOOO ̟̞̝̜̙̘̗̖҉̵̴̨̧̢̡̼̻̺̹̳̲̱̰̯̮̭̬̫̪̩̦̥̤̣̠҈͈͇͉͍͎͓͔͕͖͙͚͜͢͢͢͢͢͢͢͢͢͢͢͢͢͢ͅ ooooooooo só para dificultar a vida de qualquer um que quiser pesquisar isso no Google, ou falar sobre a música com outras pessoas, ou até mesmo citá-la em um texto, como estou fazendo agora.
Com caracteres esquisitos, ou com fóruns feios e difíceis de navegar, ou com linguagens cheias de suas gírias e particularidades em threads do Twitter, em subreddits que poucos vão encontrar por acaso, ou até em grupos privados de mensagens mesmo, seja no Discord ou no Telegram… Vários ambientes digitais investem em “anti-UX” para criar e manter panelinhas. Se você já sentiu que foi o último a chegar em uma conversa, ou que todo mundo sabia de algum assunto muito antes de você, pode ser por ter sido deixado de fora de certos sites que por design já foram construídos para afastá-lo.
Eu acabei de publicar um livro falando um pouco mais sobre tudo isso. O nome é em si um exemplo de “anti-UX”: NFTs, influencers e a música ࿃ूੂ࿃ूੂੂ࿃ूੂOOOOOOOOOOOO ̟̞̝̜̙̘̗̖҉̵̴̨̧̢̡̼̻̺̹̳̲̱̰̯̮̭̬̫̪̩̦̥̤̣̠҈͈͇͉͍͎͓͔͕͖͙͚͜͢͢͢͢͢͢͢͢͢͢͢͢͢͢ͅ ooooooooo do artista ⣎⡇ꉺლ༽இ•̛)ྀ◞ ༎ຶ ༽ৣৢ؞ৢ؞ؖ ꉺლ. Mas eu prometo que o conteúdo em si é bastante acessível: eu queria que todo mundo, das áreas de comunicação e tecnologia ou não, pudesse entender e participar da conversa.
O livro é tanto uma espécie de “autópsia” sobre algumas das conversas que já estão saturando, como NFTs e criptomoedas, quanto uma análise da estrutura que vai inevitavelmente trazer novas conversas nesse mesmo modelo no futuro – com acesso para pouco definido, em grande parte, pelo filtro que a Experiência do Usuário traz para quem consegue acessar e participar de certas conversas.
E aí, ficou interessado?
Para estar por dentro do hype hi-tech, acompanhe o blog da PYXYS sobre tendências, estratégias de SEO e conteúdo, growth e novos negócios digitais.