Ciberpopulismo e Comunicação Social: eu também posso mudar o mundo.
Uma reflexão sobre o papel da comunicação na transformação do mundo, inspirada pelo livro Ciberpopulismo: Política e democracia no mundo digital de Andrés Bruzzone
Emocionada. Assim termino a leitura lenta, pausada e ruminativa do livro “Ciberpopulismo: política e democracia no mundo digital”, do meu sócio, mentor e amigo Andrés Bruzzone.
(Vai rolar uma breve divagação antes de eu explicar o porquê. Aguenta aí, please).
Tive o privilégio de escolher minha profissão: Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda.
Confesso que, perto dos vinte anos, “Comunicação social” me parecia algo distante, secundário, genérico… Sempre encurtei o caminho me definindo como Publicitária. Mais simples, mais moderno, mais descolado, neah, beninas?
Entrar na USP foi incrível. Conheci um universo pensante, crítico e provocativo que complementou meu perfil inconformado. Percebi que tinha facilidade em traduzir ideias complexas em conceitos didáticos. Agradecida, voei.
Depois de muitos anos de intoxicação publicitária e intolerância corporativa, porém, comecei a me arrepender. Não de voar. E sim de ter achado que “Comunicação” era o que eu tinha de melhor para entregar ao mundo.
Minha filha estava com pouco mais de três anos quando perguntou qual era a minha profissão. Tentei simplificar:
– Sabe propaganda, filha? A mamãe trabalha com isso.
– Por que, mamãe? Por quê? – e choraaaaaaava, desconsolada.
Sua mãezinha querida era uma das responsáveis pela interrupção dos desenhos – coisa que chateia MUITO a geração Alpha, nativa digital do Netflix, muito mais que nós, Millenials comedores de Farinha Láctea, conseguimos entender.
“Deveria ter me dedicado a algo mais útil para o planeta”, meu sentimento ia se confirmando…
Hoje, porém, venho amadurecendo a ideia de que a “Comunicação social” que eu invisibilizei a vida toda é bastante mais complexa (e útil, se bem utilizada!) do que alcançava meu parco conhecimento.
(Corta. Volta pro livro do Bruzzone).
Sua proposta contemporânea de compreender a comunicação no mundo digital a partir de uma identidade coletiva (e não individual) fez um “wow!” na minha cabeça.
A tecnologia veio não apenas para aproximar pessoas a produtos (ou umas pessoas às outras, elas mesmas como produtos). A tecnologia está mudando nosso DNA como humanidade.
É aí que a “Comunicação social”, aquela, “secundária”, no meu limitado ponto de vista inicial, ganha uma relevância gigante.
Muito se fala de ESG, práticas sustentáveis, novas relações de trabalho, economia criativa e colaborativa, consciência política e democrática… como a gente chega nisso juntos sem a “Comunicação social”?
Um ponto de atenção importante: o livro “Ciberpopulismo” não trata apenas da Comunicação, mas debruça didaticamente sobre a forma como ela está impactando as democracias, com a polarização política e o uso da tecnologia como potencializadora de discursos populistas.
Sinto-me absolutamente incompetente para trazer qualquer resenha mais profunda do conteúdo, até porque ele ainda está em digestão aqui dentro.
Orgulho e privilégio definem meu final de domingo chuvoso.
Termino, enfim, com a certeza de que, com a Comunicação social, posso, também, colaborar para um mundo melhor.