Trabalho ou filhos? Que tal os dois?
Empresas com modelos de gestão disruptivos lideram uma nova visão sobre a parentalidade. De quebra, ganham equipes mais engajadas e produtivas
Uma decisão do STF chamou a atenção, na última semana, ao conceder o afastamento do trabalho a um pai solo servidor público, que pedia os 180 dias destinados à licença-maternidade para cuidar de filhos recém-nascidos. Mesmo motivada pelo argumento de “proteção à criança” – e de se restringir apenas a servidores públicos em caso semelhante -, a resolução do Supremo trouxe à tona nas redes sociais, em pleno mês de Dia das Mães, a discussão sobre a parentalidade. Ou seja, a responsabilidade de ambos, tanto de mulheres quanto de homens, sobre os cuidados com os filhos.
O assunto rendeu aqui na PYXYS. Até porque não é uma novidade: “Bem antes dessa decisão do STF, nós já temos o Vale-Bebê. Incentivar os pais a dividirem as tarefas de cuidado do bebê é uma forma de contribuirmos com as mães que trabalham. É uma medida concreta de combate à diferença de oportunidades que penaliza as mulheres”, ressaltou Andrés Bruzzone, fundador e CEO da empresa, em uma das reuniões com a equipe.
O Vale-Bebê – como chamamos na PYXYS – é um incentivo em caso de nascimento ou adoção de filhos, equivalente a 120 dias de remuneração para mulheres e 60 para homens. “Empreender nos dá a oportunidade de ir na contramão da cultura machista. Por isso, pensamos num modelo de gestão que incentive mães a serem mães e pais a serem pais. Ter filhos nunca deve ser um empecilho para a carreira”, diz Cíntia Santana, CGO e sócia de Bruzzone.
Grávida do segundo filho, a COO e também sócia da PYXYS Carol Gotschalg reforça que a melhor maneira é a equipe se preparar com antecedência ao oferecer o Vale-Bebê. “Para que as entregas não sejam impactadas e para que, na minha ausência por exemplo, eu consiga me focar totalmente no momento como mãe, a rotina de preparação com o time começou meses antes, realocando talentos e dividindo responsabilidades”, conta.
Instituir novos modelos de gestão que valorizem a parentalidade – para que pais assumam e compartilhem com as mulheres os cuidados com os filhos -, é mais do que um posicionamento ético. Um levantamento realizado pelo site de vagas Infojobs, em abril deste ano, mostrou que 69% das 1.627 entrevistadas dizem não possuir as mesmas oportunidades que os homens no mercado de trabalho. E, para 75%, a solução para melhorar a equidade de gêneros nas empresas pode ser dar mais tempo aos pais para dividir com elas as tarefas parentais. Cíntia sentiu isso na própria rotina, quando, durante a pandemia, enfrentou o desafio de conciliar as responsabilidades na empresa com um filho recém-nascido e uma filha em fase de alfabetização. “Foi muito complexo, mas conseguimos administrar porque, tanto eu quanto meu marido, trabalhamos com horários flexíveis. Dividimos as tarefas domésticas e o cuidado com as crianças para que cada um pudesse dar conta também de suas atividades no trabalho”, lembra.
Quando ambos participam ativamente da criação dos filhos, ninguém precisa desistir da carreira. “Foi muito importante para o meu desempenho profissional que meu marido pudesse fazer seu papel, tendo a autonomia, o tempo e a liberdade que teve para ser pai, da mesma forma que eu tive para ser mãe”, destaca.
Fernanda Borges, CFO e também sócia da PYXYS, segue a mesma linha: combinou com o marido horários durante o dia para que os dois revezem o trabalho e a parentalidade. “Ele fica com as crianças de manhã e trabalha na segunda parte do dia. Eu começo a trabalhar mais cedo e fico com as crianças depois”, explica.
Se essa flexibilidade de horários para conciliar trabalho e filhos depende de acordos entre casais, depende também das negociações com as empresas. É o que aponta Danilo Ramos, analista de marketing na PYXYS. “Minha esposa trabalha em modelo híbrido e vai para o escritório três dias por semana. Como tenho mais liberdade nos meus horários na PYXYS, consigo ficar uma parte do dia com nossa filha, focando no trabalho um pouco mais tarde”, conta.
Nova prioridade ao escolher uma empresa
Maior poder aquisitivo, possibilidade de crescimento, grandes realizações? Tudo isso continua importante na hora de escolher uma recolocação no mercado de trabalho. Entretanto, cada vez mais uma nova prioridade aparece como motivação para mudar de empresa: a possibilidade de passar mais tempo com a família. Uma recente pesquisa da consultoria Filhos no Currículo, em parceria com o grupo Talenses, confirmou que a contratação e a retenção de talentos estão associados à flexibilidade de horário e incentivos parentais. Medidas como licenças remuneradas, segundo a pesquisa, “colaboram no engajamento, produtividade e atração de talentos”. “Meu marido conseguiu ficar 40 dias em casa quando nossa filha nasceu, mas quando voltou ao trabalho, saía antes dela acordar e só voltava de noite. Seu convívio com a filha era muito restrito”, conta a nossa head de Jurídico, a advogada Carolina Artigas. Durante a pandemia, o casal viveu a experiência de dividir as tarefas domésticas e o cuidado com a filha. “Hoje, com os dois trabalhando no modelo remoto, ele passou a participar do dia a dia da nossa filha mais de perto”, conta Artigas, antes de completar com o que, para ela, deveria ser a nova mentalidade do mercado: “A casa não é minha, da mulher; a casa é nossa. A filha não é minha, da mãe; a filha é nossa.”
Não só os colaboradores ganham com uma gestão que favoreça a parentalidade. Empresas onde as pessoas têm tempo para se dedicar também a outras esferas da vida garantem uma equipe mais comprometida e, consequentemente, mais produtiva. O web-developer da PYXYS Éder Steffens, por exemplo, aponta este como um diferencial da empresa: “Como aqui me deixam bem à vontade para dar foco à minha família, isso me deixa também muito mais tranquilo e mais à vontade para trabalhar. Valorizo muito essa liberdade e me empenho para devolver à PYXYS da mesma maneira”, diz.
50% ainda teme mencionar filhos ao chefe
No meio de uma reunião, alguém pede licença e avisa que precisa sair. Uma pesquisa da plataforma de vagas Catho, de março deste ano, mostra que 50% das pessoas têm medo de contar a verdade se o motivo envolve os filhos. Entretanto, com mais debates sobre o assunto – tanto nas redes sociais quanto dentro das empresas – , nossa head de Gente & Cultura Roseane Santos acredita que o mercado começa a desconstruir visões negativas sobre a parentalidade. “Quando qualquer pessoa do nosso time, seja pai ou mãe, sabe que pode falar que precisa se ausentar para levar um filho ao médico, estamos reconhecendo que tanto pais quanto mães podem ter essa atribuição. Com o tempo, a comunicação fica mais espontânea e há um ganho de saúde mental. Num ambiente mais saudável, as pessoas tendem a ser mais criativas. A empresa só ganha”, avalia a psicóloga, antes de Bruzzone finalizar: “Maternidade e paternidade não podem nunca ser motivo de constrangimento. Acreditamos que, na empresa, as pessoas devem ter liberdade de serem plenamente o que elas são e a parentalidade é uma das dimensões mais importantes, uma dimensão de vida e de criação no sentido mais autêntico”.
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