A missão da PYXYS: monetizar jornalismo de qualidade
Nosso CEO e fundador Andrés Bruzzone aponta o norte da PYXYS. Um texto poderoso e informativo sobre jornalismo, mídias digitais e propósito.
Que o (bom) jornalismo é fundamental para a preservação da democracia ninguém discute. Ninguém que não tenha saudade da ditadura ou almeje uma visão monocrática do mundo imposta por um regime autoritário. Não é à toa que os inimigos da democracia detestam, combatem e temem jornalismo e jornalistas. É o olhar treinado e crítico do jornalismo que preserva a busca incansável por um pouco mais de verdade, sempre. É a vocação do jornalista fuçar para desenterrar aquilo que está oculto nas dobras de um discurso oficial. É o jornalismo que desmancha a pretensão de silêncio daqueles que têm o que ocultar.
Por mais de dois séculos, a democracia representativa teve os jornalistas como fiscalizadores do poder público e filtros do que deve ser noticiado e, até certo ponto, como deve ser apresentado ao debate público. Um contrapoder do público nas mãos do privado.
Mas esse espaço ficou reduzido e até mesmo ameaçado pela irrupção do digital.
A mudança nas formas de produção, distribuição e consumo de notícias e informações impactou de cheio nos modelos de negócio tradicionais. Foi-se o tempo em que os grandes jornais, os noticiários da TV e as revistas ditas sérias faziam papel de gatekeepers ou guardiões das portas que levam uma questão, um personagem, um debate ao foro comum do que se chamou opinião pública – expressão cada vez mais distante e gasta.
Notícia e opinião viraram itens de consumo fácil, rápido e descartável. Qualidade deixou de ser um valor. Passaram a importar a velocidade e o potencial para atrair a atenção imediata e gerar reações fugazes e brevemente intensas. Notícia virou petisco.
Ler títulos ou chamadas, assistir a vídeos de 8, 12, 30 segundos, compartilhar memes ou posts (com ou sem comentário próprio) são as formas de tomar contato com o que acontece. Aquele documento recebido no grupo de WhatsApp tem mais valor do que uma manchete profissionalmente apurada. A palavra de um sujeito desconhecido que chega pela via de um parente ou amigo pesa mais do que a de um cientista renomado.
Para isso, a notícia não deve desagradar. Não pode confrontar, colocar em xeque a própria crença. A bolha que nos rodeia está aí para sempre nos dar a razão, para despertar sentimentos de bem-estar. Vemos o que agrada. Quando aparece o diferente é para esculhambar, para gerar indignação e permitir uma reação que também nos faz sentir bem.
Moldadas pelos algoritmos, as informações têm como propósito dar ao consumidor satisfação instantânea, gerando uma necessidade de mais, sempre mais. Uma lógica análoga às drogas e outras dependências.
Se a opinião pública está degradada como expressão e como conceito é porque ela sofre dos efeitos da fragmentação que causam as chamadas redes sociais. As bolhas são espaços de preservação frente ao diferente: a informação, as opiniões, as certezas compartilhadas que chegam pela tela do celular são mais e mais parecidas com as próprias, geram simpatia e adesão imediatas. Se a rede nos propõe exatamente aquela roupinha que estávamos pensando em comprar, nos alenta a fazer essa viagem que estávamos querendo, ela também serve o prato de uma indignação adequada, de uma emoção certa. Fica claro quem deve se apoiar e quem devemos detestar, como devemos pensar e falar para ser aceitos no grupo de pertencimento.
Cada vez menos vivemos no real comum, essa construção coletiva onde assenta o bom senso, onde os valores compartilhados fazem possível a vida compartilhada, a convivência dos diferentes e até mesmo dos opostos. Habitamos mundos paralelos, polos antagônicos, visões de mundo excludentes que tomaram conta de nosso Brasil polarizado.
Vimos onde isso leva. Estivemos no fundo do poço e próximos de um abismo ainda mais aterrador. Se cabia alguma dúvida sobre a importância que têm uma boa apuração, o noticiário político as eliminou. A enxurrada de fake news, muitas vezes na boca de gente com relevância pública e muito poder para ser ouvida, deixou evidente a necessidade de referências confiáveis para separar o verdadeiro do falso. Compreendemos como é preciso o contrapoder da apuração que questiona e incomoda os representantes elegidos.
O único antídoto frente à polarização é o pluralismo, e o pluralismo se consegue ouvindo muitas vozes, escutando o diferente, sendo incomodados com ideias e convicções que nos questionam.
O jornalismo muitas vezes pecou de soberba, de leviandade, de alinhamentos espúrios e acríticos. Mas ficou claro que é melhor um jornalismo questionável que um não jornalismo. A democracia necessita jornalismo para se proteger de seus inimigos e se manter viva, dando lugar a um debate amplo e multiforme, ao ruído caótico de uma sociedade dinâmica que negocia seus conflitos à luz do dia.
A PYXYS nasceu acreditando no jornalismo e seu valor.
Tem aí um motivo de orgulho como fundador e CEO da PYXYS e uma linha coerente com as minhas convicções pessoais e com a minha história.
Desde 2004, quando era executivo da Abril e comecei a pensar os caminhos de uma empresa jornalística no novo ecossistema da comunicação, venho procurando maneiras de reinventar o negócio da mídia. “Media business, reinvented” escrevi no meu LinkedIn anos atrás, e hoje isso virou uma assinatura da PYXYS. Como autor de Ciberpopulismo – Política e democracia no mundo digital eu disse: “O antídoto contra a polarização é o pluralismo”. Na minha tese de doutorado, propus uma filosofia da comunicação fundada na identidade coletiva, no Ubuntu, no diálogo de si mesmo com o outro.
“Torna-te quem tu és”, disse Nietzsche. Como as pessoas, empresas também têm o desafio de se tornarem quem elas são. A PYXYS está nessa jornada, cada vez de maneira mais clara ciente de sua missão, daquilo que justifica a sua existência.
Ajudando a descobrir novas formas de sustentar empresas jornalísticas estamos contribuindo com a sustentação da democracia e sustentar a democracia é o caminho para um Brasil melhor. Criando canais de monetização que se nutrem das redes sociais, transformamos a maior ameaça em uma aliada das redações. Firmados nos valores de compromisso, coragem, honestidade, humanidade e superação, fazemos nosso trabalho com orgulho e com alegria. Gostamos de comunicação, de debates, de pontes, de encontros. Detestamos autoritarismo, silêncio forçado, vozes únicas, visões binárias sobre o mundo.
Isso é a PYXYS. Nosso nome se inspira numa das várias constelações que integram a grande constelação da Nave: nós somos a bússola. Temos uma missão e uma responsabilidade. Apontamos caminhos, ajudamos a deixar ao largo os riscos e a chegar a bom porto. Miramos sempre além do horizonte. Nossa jornada está apenas começando.