6 tendências de inovação vindas da China, segundo a McKinsey
Olhar para as tendências vindas da China é começar a preparação para o futuro. Separamos as 6 principais delas, divulgadas pela McKinsey.
Olhar para a China e suas constantes inovações e disrupções tecnológicas é, cada vez mais, olhar também para um pouco do futuro tecnológico de todo o resto do mundo. Afinal, dos 4,6 bilhões de usuários de Internet em todo o mundo, um bilhão está na China.
E mais do que só quantidade, olhar para a China é pensar também em ecossistemas digitais constantemente aprimorados, em que novas tecnologias são testadas e ganham rápida adesão do público.
Usuários chineses já são muito fluentes na linguagem digital – não é por menos que 30% de todas as vendas de varejo no mercado chinês durante 2020 foram feitas pela Internet.
A McKinsey, líder mundial no mercado de consultoria empresarial, separou seis megatendências do mercado chinês nas quais vale a pena ficar de olho. Quem sabe? Talvez sua empresa saia na frente, encontrando uma oportunidade de trazer alguma dessas inovações também para o Brasil.
1. Online e digital, juntos: a construção de um varejo integrado
É coisa do passado a ideia de que o varejo online vá substituir o presencial. Aliás, muito pelo contrário: a parceria da comunicação digital com o varejo é benéfica inclusive para as vendas presenciais, já que permite que usuários sejam impactados constantemente com todo tipo de conteúdo a respeito de produtos que estejam considerando.
Na China, as estratégias on e offline do varejo já estão completamente integradas em uma rede estratégica complexa e abundante: tanto a televisão quanto o celular e o mobiliário urbano (outdoors, vídeos em telas nas ruas etc.) trabalham em conjunto, aliadas a uma robusta cadeia de suprimentos que viabiliza entregas sob demanda.
A ideia aqui é aprimorar toda a experiência: tornar mais imediata e simplificada a compra por qualquer canal, estar presente na rotina dos clientes por todos os caminhos possíveis e segmentar, para construir mercados sob demanda que tenham como base uma cadeia de abastecimento funcional.
Tudo isso pra quê? Para tornar mais satisfatório o processo de compras, simples assim. Um consumidor feliz é um consumidor lucrativo, seja na China ou em qualquer lugar do mundo.
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2. A desmaterialização do setor de serviços
Tanto quanto no setor de varejo, os serviços também passam por um novo momento em que se tornam mais digitais. Mas com uma diferença fundamental: aqui, a ideia é tentar digitalizar tudo que for possível para desafogar a demanda e democratizar o acesso a estruturas de saúde, educação e auxílio estatal.
Digitalizar serviços pode contribuir para solucionar vários problemas na desigualdade de acesso a determinados recursos.
No caso da saúde, por exemplo, 20% dos hospitais chineses ficam com mais de 80% da verba – mas investir em consultas online pode ajudar a quebrar aos poucos este padrão, já que permitiriam que as estruturas de saúde fossem melhor aproveitadas, com uma curadoria prévia daqueles que realmente precisam de atendimento presencial: consultas de rotina, retornos para análises de exames e todo tipo de serviço do tipo podem acontecer diretamente online, sem necessidade de desgastar mais a rede de atendimento os hospitais.
Essa tendência pode beneficiar ainda a educação, encontrando novas maneiras de entregar serviços de qualidade em qualquer lugar (enquanto, por comparação, na China as grandes cidades recebem atualmente até três vezes mais verba para suas escolas). Modelos híbridos tornam possível que se aproveite o melhor da digitalização, com o acesso à melhor informação independente do lugar, mas sem que se percam os aspectos fundamentais do ensino presencial: a socialização, a ambientação no espaço etc.
O mesmo vale com ainda mais intensidade para processos burocráticos – nesse caso, o benefício de digitalizar é ainda maior. Digitalizar processos burocráticos é mais eficiente tanto para o estado quanto para as próprias pessoas – desafogar a máquina pública, agiliza o dia a dia e desestimula viagens desnecessárias para resolver qualquer coisa que possa ser resolvida online.
E esses são só alguns setores iniciais que já começam a investir na digitalização. É provável que vejamos ainda muitos outros serviços se digitalizando no futuro.
3. Mobilidade urbana inteligente, automatizada e digital
Quando falamos sobre digitalização, nem sempre o foco precisa ser em mudanças online. Boa parte das mais importantes mudanças que a inovação digital pode trazer estão nos espaços públicos, por exemplo: a estrutura das grandes cidades e a lógica a partir da qual as pessoas se locomovem podem ser profundamente afetadas por inovações tecnológicas diversas.
A China continua investindo em mobilidade urbana inteligente para atender à sua gigantesca demanda: não só é o país mais populoso do mundo, como é também o país com o maior número de megalópoles no mundo. Tudo que puder contribuir para otimizar esta gigantesca infraestrutura de mobilidade será testado: veículos autônomos e conectados, uso de IA para contribuir no trânsito, mobilidade como serviço (MaaS), drones…
Nesse caminho, a ideia é reduzir o trânsito e transformar os carros, que deixarão de ser somente maneiras de se chegar do ponto A ao ponto B: serão eles mesmos espaços de produtividade e entretenimento em que será possível agir e viver a vida, mesmo se tiver trânsito.
De quebra, essas mudanças todas ajudam o meio ambiente. A tecnologia na mobilidade urbana é um dos caminhos para que a China viabilize seu ambicioso plano de neutralizar suas emissões de carbono até 2050.
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4. Uma vida social (ainda mais) digital
A ideia de “metaverso” apareceu recentemente nas conversas do Ocidente graças ao plano de Mark Zuckerberg de criar o seu próprio. Mas na China essa tendência já pode ser vista de forma muito mais concreta.
Mesmo para além da pandemia, a tendência é que boa parte das interações sociais entre chineses continuem acontecendo digitalmente. Ainda mais, é interessante a tendência de que essas interações digitais se transformem e abram espaço para novas oportunidades de interação: grupos de amigos de um jogo online, ou um grupo de fãs de um determinado canal, podem acabar se encontrando presencialmente e criando todo o tipo de laços: amizade, relacionamentos amorosos, oportunidades profissionais…
Não só isso expande as possibilidades de fazer contatos profundos e importantes a partir de qualquer lugar, como expande também a possibilidade de laços tanto mais próximos, com gente do seu bairro, como com gente até de cidades vizinhas, que você não conheceria de outra forma.
Na China, cada vez mais as interações on e offline se integrarão em ambientes em que vai ser difícil prestar atenção nessa distinção.
5. Indústria sob demanda: a tendência da Industrialização digital
Se a ideia no varejo é atender a uma demanda cada vez maior dos consumidores, essa mudança precisa vir acoplada a outra anterior: um aumento da oferta através de processos industriais mais ágeis, eficientes, dinâmicos e digitais
E é exatamente isso que a China está fazendo. Sua tendência de industrialização digital é dividida em várias estratégias de IoT industrial que se complementam para criar uma nova maneira de ver o processo de produção como um todo: as ideias vão de controle de estoque a partir de blockchain a automação de novos setores e inteligência artificial para realizar o controle de qualidade.
Além disso tudo, existe a tendência de que a relação com a indústria se torne mais personalizada, direto entre cliente e linha de produção: um exemplo marcante vem da fabricante de automóveis SAIC, que permite aos clientes enviarem versões personalizadas de seus carros em simulações 3D.
Soluções desse tipo vão contribuir para a indústria chinesa se tornar, ao mesmo tempo, ainda mais de larga escala e ao mesmo tempo personalizada e individual de uma forma que nunca antes foi.
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6. Construindo cidades inteligentes
Já falamos nesse texto sobre como a simples escala das cidades chinesas já traz uma enorme demanda, no caso da mobilidade, por novas soluções que tornem a vida urbana mais eficiente. Mas essa tendência não para por aí: outros aspectos da vida urbana também estão sendo profundamente transformados pela digitalização.
Quando se transformam a partir de tecnologia para se tornarem melhores aos seus moradores, cidades passam a integrar uma nova categoria que está sendo chamada de “cidades inteligentes”. E se metade dessas cidades inteligentes já estão na China hoje, a tendência é de que essa rede se expanda mais, indo para além dos grandes centros urbanos com a implementação do 5G e tecnologias de dados melhores mesmo nas regiões mais remotas do país.
Cidades inteligentes vão implementar várias tecnologias que já discutimos (digitalização dos serviços públicos, mobilidade urbana digital e integrada), além de muitas outras, sempre com o objetivo de melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades e ajudar o meio ambiente.
E aí, ficou interessado?
Se quiser conferir o relatório completo da McKinsey para saber mais sobre as megatendências chinesas, ele está disponível na íntegra (em inglês).
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